A falta de autonomia ainda é encarada como um fator negativo nos automóveis movidos a eletricidade. Contudo, o aumento gradual dessa capacidade tem vindo a dissipar as dúvidas
Desde o lançamento dos veículos movidos a eletricidade que carros elétricos e autonomia são termos que andam de mãos dadas. E tem razão de ser, pois uma das principais novidades trazidas por este novo tipo de veículos prende-se, precisamente, com o facto de se moverem através da energia acumulada numa bateria instalada no automóvel e carregada utilizando eletricidade, abandonando o conceito de mobilidade por meio de combustão.
Ao contrário do que acontece a nível ambiental, em que há benefícios evidentes da escolha dos elétricos em detrimento dos tradicionais, o tema da autonomia ainda é olhado com desconfiança pelos automobilistas. Não só porque são menos autónomos que as alternativas, mas também por causa dos carregamentos: número reduzido de postos e elevado tempo de recarga.
Essa desconfiança tem vindo, porém, a diminuir, face aos constantes avanços na área. Hoje, já há em Portugal carros elétricos com autonomia suficiente para fazer o percurso entre as duas maiores cidades: Lisboa e Porto. De facto, esta realidade em constante mutação e atualização tem levado ao aumento do número de fabricantes automóveis que apostam neste segmento e, por conseguinte, ao aumento significativo da venda de veículos elétricos.
Tesla Model 3: mais vendido e mais autónomo
Segundo dados recentes da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), referentes a Abril de 2019, a Tesla continua a liderar a tabela das viaturas mais vendidas em Portugal. O Model 3 volta a bater a concorrência do Renault Zoe (2.º) e do Nissan Leaf (3.º).
Quanto à sua autonomia, o modelo da Tesla também se destaca, com cerca de 530 quilómetros, um número que equivale, sensivelmente, a uma viagem entre o Porto e Albufeira (Algarve). No caso do exemplar da Renault, saindo do Porto, a distância percorrida seria até Lisboa (300 quilómetros), enquanto que, o Nissan Leaf, nos levaria até Setúbal (380 quilómetros).
Um sinal da evolução constante é o aparecimento de modelos de carros cada vez mais autónomos. A versão E+ do Nissan Leaf é um exemplo: pode chegar aos 528 quilómetros de autonomia em ambiente urbano. Também o primeiro SUV compacto da Europa totalmente elétrico, o Hyundai KAUAI, atinge valores a rondar os 449 quilómetros.
Mais postos de carregamento
Se é verdade que a autonomia de condução dos carros elétricos está a aumentar, também o é que os postos de carregamento - a outra preocupação dos automobilistas - estão em expansão. Segundo a MOBI.E, responsável por gerir a rede de mobilidade elétrica no país, há cerca de 1250 postos de abastecimento em Portugal (rápidos e normais).
Quanto ao tempo empregue no carregamento - num posto normal pode ultrapassar facilmente as 7 horas e num rápido pode rondar os 60 minutos por 80% de carga -, é possível contornar o problema carregando o automóvel em casa - embora seja necessário quase um dia inteiro para o fazer a partir de uma tomada doméstica, uma wallbox poderá reduzir esse tempo para números próximos das 7 horas.
Prolongue a autonomia
É possível estender a autonomia dos carros elétricos. Conheça algumas recomendações:
- Condução defensiva. Evite comportamentos bruscos ao volante. Andar mais devagar economizará bateria. Opte pelo modo de condução ‘ECO’.
- Travagem regenerativa. Ative este modo e conseguirá poupar energia e carregar a bateria sem comprometer a potência disponível.
- Pressão e carga. Evite pneus abaixo da pressão indicada e peso desnecessário no carro. Ambos consomem muita energia.
- Evitar autoestradas. Prefira estradas que permitam ao sistema de regeneração de energia ajudar a poupar, o que exclui ‘prego a fundo’ constante.
- Carregar o necessário. É desaconselhável manter a bateria sempre ligada à corrente, sob pena de, após o carregamento total, acontecer o inverso.